José Almeida Pereira
Nasceu 1979 em Guimarães, Portugal
Vive e trabalha no Porto e Guimarães
Mestre em práticas artísticas contemporâneas (2006-2008) pela Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto e licenciado em artes plásticas – pintura (2005) na mesma instituição.
Desde 2010 membro convidado do colectivo internacional de artistas WochenKlausur
1º lugar no concurso "1º prémio Rothschild de Pintura" (2003), Lisboa (Vicente Todoli e Julião Sarmento a integrar o jurado)
Expõe individual e colectivamente desde 2001.
Shoprite backdoor at Jersey City, NJ, 2009
impressão em jacto de tinta em papel semi-mate, colada em pvc 3mm
50x50 cm
Shoprite cargo terminal at Jersey City, NJ, 2009
impressão em jacto de tinta em papel semi-mate, colada em pvc 3mm
50x50 cm
Corner of 5th Av and 12th street, NYC, 2009
impressão em jacto de tinta em papel semi-mate, colada em pvc 3mm
50x50 cm
Tendo formação em fotografia no MEF (por Luís Rocha e Tânia Araújo), desde 2002 que Pedro dos Reis tem vindo a desenvolver trabalho no campo das artes visuais – nomeadamente em fotografia e vídeo.
Do seu corpo de trabalho destacam-se várias colaborações em revistas nacionais e estrangeiras, tais como a Sonic Scope Quarterly, Dif, Bant Magazine, a LVHRD Mgzn, a Parq e a Bypass; projectos colaborativos, como o Globalcity Project - do qual é autor, Unsound Thinkers e Exquisite Corpse (com a artista multimédia Peishan Kao); e ainda a sua participação em alguns festivais de som e imagem, tais como o Festival Mascavado, Amsterdam Film Experience, Outfest – Encontros de Som e Imagem do Barreiro e Festival Atlantic Waves - London International Festival of Exploratory Music, em que colaborou estreitamente com músicos, como Nuno Moita, André Gonçalves, Tim Hecker, Rodrigo Dias e Gonçalo Silva.
Participou em exposições colectivas, como o Projecto Lisboa (2007) tendo exposto individualmente em 2011, no Porto, na Fundação - espaço com programação de Cristina Regadas, José Almeida Pereira e Miguel Flor.
Em paralelo tem perseguido uma carreira de escrita sobre Arte tendo sido colaborador da Artecapital.net (2008-2009), da Bypass (2009) e da revista Artes & Leilões (2010).
O desenho da cidade e a sua influência nos movimentos migratórios quotidianos são a base da construção de imagens-pensamento, que procuram criar significado sobre a forma como vivemos os espaços que habitamos.
As imagens não são retratos literais, mas procuram interrogar o espectador sobre a sua própria condição e o mundo que o rodeia havendo um certo jogo entre escalas e analogias com outros aspectos do mundo natural
ALUVIÃO - Júlia de Carvalho Hansen
Eu poderia falar pelos seus olhos, leitor? Apresento, imagino que escrevo o controle de uma rebentação. Quando a Cristina Regadas nos convidou para fazermos essa exposição, me transformei num meteoro, bem surpreso, um tanto confuso, muito agradecido.
Eu e Mayana não nos conhecemos pessoalmente. Aluvião se deu em trocas por internet e, quase que exclusivamente, por e-mail. Nada constituiu um princípio, mas aconteceu. Eu sentia como se partíssemos de lugares opostos, ou como se as nossas respostas aos mesmos problemas fossem inversas e compossíveis. Também pela generosidade lúcida da Maya, conforme fomos freneticamente nos escrevendo, comecei a achar que nomeamos diferentemente ações semelhantes. Ou isso ou verdadeiramente conseguimos nos corresponder.
O interesse pela matéria era um elo comum. Dada a situação da distância e a vontade de encontro, resolvemos construir um túnel. O túnel e o acordeom é o meu caminho nesse acesso, em diálogo com o livro de escavação da Mayana. Temos, para o ano de 2011, o projeto de reunir os dois trabalhos em uma só publicação gráfica.
Curioso caminho de criar uma experiência de travessia que me parece (experimente ir para debaixo da terra) o texto mais difícil de escrever que já escrevi. Quando fiz os 12 exemplares copiei o cantos de estima dezessete vezes à máquina de escrever. É um texto que adoro e se resolvesse transcrever por uma quarta vez O túnel e o acordeom, seria insuportável.
Encontro de durezas: a terra tem seu ritmo, vitalidades que se espraiam. Pensamos que conversávamos na fluidez de montanhas. Sim, mas algo se deu mais veloz. Não fizemos o museu das pedras, ou elas rolaram pela água. De todo modo é mineral, como a memória do que acontece em nós. Enxurrada. Aluvião é a paragem disso.
ALUVIÃO - Mayana Redin
Los Encuentros: esto no tendría evidentemente ningún sentido se fuera de otro modo. Todo ha sido estudiado, todo ha sido calculado, no es cosa de equivocarse, no se conocen casos en que se haya descubierto un error aunque solo fuera de unos centímetros o incluso de algunos milimetros. Sin embargo, siempre noto algo que se parece a la admiración cuando me imagino el encuentro de los obreros franceses y de los obreros italianos em medio del tunel del Monte Cenis. (Especies de Espacios. Georges Perec. Editorial Montesinos, 2001.)
Este é um terreno marginal onde finalmente se encontram rios, que por sua vez depositam os destroços de uma viagem. Todo viajante traz consigo objetos que vai deixando para trás ao atravessar um terreno, o mar, ou o deserto, a substância-matéria de que é feito o mundo. Mas antes, é preciso falar da viagem que se faz sem sair do lugar: o pensamento também atravessa.
Diz-se do termo geológico “Aluvião”: depósito de sedimentos nas margens trazidos pelo fluxo de um rio. Trata-se daquele material ainda solto, que se aloca em algum lugar da margem, quando um rio diminui seu fluxo, junto com uma infinidade de matérias; pedra, pedregulho, areia, cascalho, terra, musgo, bicho, caramujo, vidas microscópicas, úmidas, que transitam entre vivas-e-mortas, em decomposição, ou em fermentação. Veja bem, é uma paragem, de quando a correnteza permite que algo aconteça nas margens. Ali, aluvião, as coisas se encontram em um nível considerável de desorganização e também de descanso – mas tudo partiu da pedra.
Logo após, retorna o rio e carrega a substância para novas margens. (Aluvião também é passagem.)
A proposta, desde o início, foi produzir aproximação, atravessar oceano, cavar túnel. Como se faz arte cavando túnel? Antes, como se faz um túnel? Agarrar o caminho é o mesmo que percorrê-lo? Sempre à procura de um componente que desse conta desse abismo que é ver e conhecer o outro, tendo ainda em nossa trajetória quilômetros oceânicos, a nossa troca é intransigente com nossos corpos... precisamos chegar perto de algo para tocá-lo?
Aluvião é essa margem: cascalho, sobras de uma convivência, onde um cava de lá e o outro cava de cá, esperando que a sorte faça encontrarmo-nos em algum lugar do caminho.
Júlia de Carvalho Hansen
Nasceu em São Paulo em 12 de janeiro de 1984.
Entre 2008 e 2009 colocou a primeira edição do "cantos de estima" em circulação no projeto 12 exemplares, destinando os livros manufaturados para pessoas diferentes, com a proposta de que interviessem no livro em um fazer. Em paralelo, continuou a escrita do "cantos de estima" que foi publicado em edição aumentada em julho de 2009.
Estudou Letras na USP, faz mestrado em Estudos Literários na Universidade Nova de Lisboa. Vive em Lisboa.
Mayana Redin
Nasceu em Campinas-SP, Brasil, e mora em Porto Alegre (RS).
Formou-se em Comunicação Social pela Unisinos, e em Artes Visuais pela UFRGS. Estudou a cidade como "máquina estética" na conclusão do curso de Comunicação e produziu desenhos e videos relacionando palavra, imagem e pensamento na conclusão do curso de Artes.Teve, em vários momentos, o deslocamento como matéria prima de estudo e criação. Morou em Viçosa (MG), São Leopoldo (RS), Porto (PT). Prepara-se para morar no Rio de Janeiro (RJ), a partir de 2011, para cursar o mestrado em Artes Visuais na UFRJ.